Aprendendo Assembly
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  1. Programando junto com C

Variáveis em C

Entendendo como variáveis em C são representadas em Assembly.

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Last updated 2 years ago

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Como já vimos no capítulo , variáveis nada mais são do que um espaço de memória que pode ser manipulado pelo programa. Em C existem diversas nuances em como variáveis são alocadas e mantidas pelo compilador e aqui vamos entender essas diferenças.

Na linguagem C existem palavra-chaves que são chamadas de storage-class specifiers, onde elas determinam o storage-class de uma variável. Na prática isso determina como a variável deve ser armazenada no programa. No C11 existem os seguintes storage-class specifiers:

  • extern

  • static

  • _Thread_local

  • auto (esse é o padrão)

  • register

Variáveis globais

As variáveis globais em C são alocadas na seção .data ou .bss, dependendo se ela foi inicializada ou não. Como no exemplo:

int data_var = 1;
int bss_var;

Se compilamos com gcc main.c -S -o main.s -fno-asynchronous-unwind-tables obtemos a seguinte saída:

main.s
	.globl	data_var
	.data
	.align 4
	.type	data_var, @object
	.size	data_var, 4
data_var:
	.long	1
	.comm	bss_var,4,4

A variável data_var foi alocada na seção .data e teve seu símbolo exportado com a diretiva .globl data_var, que é equivalente a diretiva global do NASM.

Já a variável bss_var foi declarada com a diretiva .comm symbol, size, aligment que serve para declarar commom symbols (símbolos comuns). Onde ela recebe como argumento o nome do símbolo seguido de seu tamanho (em bytes) e opcionalmente um valor de alinhamento. Em arquivos objetos ELF o argumento de alinhamento é um alinhamento em bytes, nesse exemplo a variável será alocada em um endereço alinhado por 4 bytes.

Os símbolos declarados com a diretiva .comm que não foram inicializados em qualquer arquivo objeto são alocados na seção .bss. Logo nesse caso o uso da diretiva seria equivalente ao uso de res* do NASM, com a diferença que no NASM precisamos usar explicitamente na seção onde o espaço será alocado.

Variável static global

As variáveis globais com storage-class static funcionam da mesma maneira que as variáveis globais comum, com a diferença que seu símbolo não é exportado para que possa ser acessado em outro arquivo objeto. Como no exemplo:

static int data_var = 1;
static int bss_var;

Onde obtemos a saída:

	.data
	.align 4
	.type	data_var, @object
	.size	data_var, 4
data_var:
	.long	1
	.local	bss_var
	.comm	bss_var,4,4

Repare que dessa vez o símbolo data_var não foi exportado com a diretiva .globl, enquanto o bss_var foi explicitamente declarado como local com a diretiva .local (já que a diretiva .comm exporta como global por padrão).

Variável extern

Variáveis extern em C são basicamente variáveis que são definidas em outro módulo. O GAS tem uma diretiva .extern que é equivalente a diretiva extern do NASM, isto é, indica que o símbolo será definido em outro arquivo objeto. Porém qualquer símbolo não declarado já é considerado externo por padrão pelo GAS. Experimente ver o código de saída do exemplo abaixo:

extern int extern_var;

int main(void)
{
  int x = extern_var;
  return 0;
}

Você vai reparar que na função main o símbolo extern_var foi lido porém ele não foi declarado.

Variáveis locais

Variáveis locais em C são comumente alocadas no stack frame da função, porém em alguns casos o compilador também pode reservar um registrador para armazenar o valor da variável.

Em C existe o storage-class register que serve como um "pedido" para o compilador alocar aquela variável de forma que o acesso a mesma seja o mais rápido possível, que geralmente é em um registrador (daí o nome da palavra-chave). Mas isso não garante que a variável será realmente alocada em um registrador. Na prática o único efeito colateral garantido é que você não poderá obter o endereço na memória daquela variável com o operador de endereço (&), e muitas vezes o compilador já vai alocar a variável em um registrador mesmo sem o uso da palavra-chave.

Variável static local

Variáveis static local são armazenadas da mesma maneira que as variáveis static global, a única coisa que muda é no ponto de vista do código-fonte em C onde a visibilidade da variável é limitada para o escopo onde ela foi declarada. Isso faz com o que o compilador gere um símbolo de nome único para a variável, como no exemplo abaixo:

int test(void)
{
  static int data_var = 5;
  static int bss_var;

  return data_var + bss_var;
}
	.data
	.align 4
	.type	data_var.1913, @object
	.size	data_var.1913, 4
data_var.1913:
	.long	5
	.local	bss_var.1914
	.comm	bss_var.1914,4,4

Repare como data_var.1913 não teve seu símbolo exportado e bss_var.1914 foi declarado como local.

Variáveis _Thread_local

_Thread_local int global_thread_data = 5;
_Thread_local int global_thread_bss;

int test(void)
{
  _Thread_local static int local_thread_data = 5;
  _Thread_local static int local_thread_bss;

  return global_thread_data
    + global_thread_bss
    + local_thread_data
    + local_thread_bss;
}
	.text
	.globl	global_thread_data
	.section	.tdata,"awT",@progbits
	.align 4
	.type	global_thread_data, @object
	.size	global_thread_data, 4
global_thread_data:
	.long	5
	.globl	global_thread_bss
	.section	.tbss,"awT",@nobits
	.align 4
	.type	global_thread_bss, @object
	.size	global_thread_bss, 4
global_thread_bss:
	.zero	4
	.section	.tdata
	.align 4
	.type	local_thread_data.1915, @object
	.size	local_thread_data.1915, 4
local_thread_data.1915:
	.long	5
	.section	.tbss
	.align 4
	.type	local_thread_bss.1916, @object
	.size	local_thread_bss.1916, 4
local_thread_bss.1916:
	.zero	4
	.text
	.globl	test
	.type	test, @function
test:
	endbr64
	pushq	%rbp
	movq	%rsp, %rbp
	movl	%fs:global_thread_data@tpoff, %edx
	movl	%fs:global_thread_bss@tpoff, %eax
	addl	%eax, %edx
	movl	%fs:local_thread_data.1915@tpoff, %eax
	addl	%eax, %edx
	movl	%fs:local_thread_bss.1916@tpoff, %eax
	addl	%edx, %eax
	popq	%rbp
	ret

Repare que as seções são diferentes, .tdata (equivalente a .data só que thread-local) e .tbss (equivalente a .bss) são utilizadas para armazenar as variáveis.

O sufixo @tpoff (thread pointer offset) usado nos símbolos indica que o offset do símbolo deve ser calculado levando em consideração a TLS como endereço de origem. Por padrão o offset é calculado com o segmento de dados "normal" como origem.

Lidando com os tipos da linguagem C

Agora que já entendemos onde e como as variáveis são alocadas em C, só falta entender "o que" está sendo armazenado.

Arrays e strings

O tipo array em C é meramente uma sequência de variáveis do mesmo tipo na memória. Por exemplo podemos inicializar um int arr[4] na sintaxe do GAS da seguinte forma:

arr:
    .long 1, 2, 3, 4

Onde os valores 1, 2, 3 e 4 são despejados em sequência.

Em C não existe um tipo string porém por convenção as strings são uma array de char, onde o último char contém o valor zero (chamado de terminador nulo). Esse último caractere '\0' é usado para denotar o final da string e funções da libc que lidam com strings esperam por isso. Exemplos:

string1:
    .ascii "Hello World", 0
string2:
    .ascii "Hello World\0"
string3:
    .asciz "Hello World"

As três strings acima são equivalentes na sintaxe do GAS.

Sobre a passagem de arrays (incluindo obviamente strings) como argumento para uma função, isso é feito passando um ponteiro para o primeiro elemento da array.

Ponteiros

Ponteiros em C, na arquitetura x86/x86-64, são traduzidos meramente como o offset do objeto na memória. O segmento não é especificado como parte do valor do ponteiro.

Experimente ler o código de saída do seguinte programa:

#include <stdio.h>

_Thread_local int my_var = 111;

int main(void)
{
  int *test = &my_var;
  *test = 777;

  printf("%d, %d\n", my_var, *test);
}

A leitura do endereço de my_var vai ser compilada para algo como:

movq	%fs:0, %rax
addq	$my_var@tpoff, %rax
movq	%rax, -8(%rbp)

# Com otimização ligada o GCC usa LEA:

movq	%fs:0, %rax
leaq	my_var@tpoff(%rax), %rdi

Onde primeiro é obtido o endereço do início do segmento FS que depois é somado ao offset de my_var. Assim obtendo o endereço efetivo da variável na memória.

Estruturas

As estruturas em C são compiladas de forma que os valores dos campos da estrutura são dispostos em sequência na memória, seguindo a mesma ordem que foram declarados na estrutura. Existe a possibilidade do GCC adicionar alguns bytes extras no final da estrutura afim de manter o alinhamento dos dados, esses bytes extras são chamados de padding. Exemplo:

#include <stdio.h>

typedef struct
{
  int x;
  char y;
} my_test_t;

my_test_t test = {
    .x = 5,
    .y = 'A',
};

int main(void)
{
  printf("%d, %c | sizeof: %zu\n", test.x, test.y, sizeof test);
}

Isso produziria o seguinte código para a inicialização da variável test:

	.globl	test
	.data
	.align 8
	.type	test, @object
	.size	test, 8
test:
	.long	5
	.byte	65
	.zero	3

Repare a diretiva .zero 3 que foi usada para despejar 3 bytes zero no final da estrutura, afim de alinhar a mesma em 4 bytes. No total a estrutura acaba tendo 8 bytes de tamanho: 4 bytes do int, 1 byte do char e 3 bytes de padding.

Unions

As unions são bem simples, são alocadas com o tamanho do maior tipo declarado para a union. Por exemplo:

typedef union
{
  int x;
  char y;
} my_test_t;

Essa union é alocada na memória da mesma forma que um int, que tem 4 bytes de tamanho.

Já em arquivos objetos PE (do Windows) o alinhamento é um valor em potência de dois, logo para alinhar em 4 bytes deveríamos passar 2 como argumento ( 22=42² = 422=4 ). Se a gente passar 4 como argumento então seria um alinhamento de 242^424 que daria um alinhamento de 16 bytes.

O storage-class _Thread_local foi adicionado no C11. Assim como o nome sugere ele serve para alocar variáveis em uma região de memória que é local para cada do processo. Vamos analisar o exemplo:

No Linux, em x86-64, a região de memória local para cada thread (thread-local storage - TLS) fica no segmento apontado pelo FS, por isso os valores das variáveis estão sendo lidos desse segmento.

A base
thread
registrador de segmento